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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Três Telas para o Exercício da Cidadania – TV Cultura, TV Futura e TV Brasil

A s televisões abertas estão em crise, sejam as privadas, com finalidades comerciais, sejam as públicas, com finalidades sociais. Seria uma temeridade pretender fazer um diagnóstico definitivo dessa crise, mas alguns indícios podem ser detectados, como alguns caminhos podem ser perseguidos. Da mesma forma, precisamos nos indagar sobre o retorno que essas televisões proporcionam à sociedade que as sustenta.


Há um esgotamento dos conteúdos televisivos. O espetáculo da violência, da sexualidade e da perversão mental, ingrediente da dramaturgia e do noticiário da maioria das televisões, já não produz os efeitos midiáticos desejados. A busca de novos formatos é perseguida por televisões nacionais que disputam audiência com a tv Globo, mas as audiências continuam caindo. A decantada alta audiência das televisões comerciais reduz-se aos telejornais, à dramaturgia e aos programas ao vivo de auditório ou estúdio. O resto, 70% da programação, fica entre meio e cinco por cento, durante todo o dia. Interessante é que somente os jornais de televisão conseguem uma estabilidade de audiência. Da mesma forma, as televisões públicas, incomodadas com baixíssimas audiências, caem na tentação de buscar soluções mercadológicas para problemas de outra natureza.


Nesse contexto, é interessante avaliar a posição e o papel das televisões públicas, no que se refere à transmissão eletrônica de massa.
As televisões comerciais buscam um engajamento afetivo do público telespectador e se afastam do engajamento cognitivo, próprio das televisões públicas. Sob essas duas perspectivas, a de promover entretenimento e a de promover conhecimento, as televisões buscam corresponder, respectivamente, aos anseios do mesmo público telespectador.


Audiências

No difícil quesito da audiência, as televisões públicas participam hoje com modestos índices. Contudo, gozam de uma enorme aprovação da sociedade e seus programas são considerados de grande significado educativo e cultural. A questão da audiência, medida pelo Ibope, incomoda seus dirigentes e patrocinadores, ainda que o Ibope seja um instrumento precário de avaliação, pois só abrange o universo metropolitano de São Paulo, conceitualmente voltado para a avaliação de potencial de mercado. Assim, a audiência das televisões públicas deve ser aferida a partir de outros critérios. Não me furto a abrir essa polêmica.


A televisão comercial vende audiência, não vende programação. Por isso mesmo, busca a conquista de uma audiência universal, o que significa todos, o tempo todo, ao mesmo tempo.


A televisão pública vende programação, por isso, busca universos de audiência, em função do público que busca e da programação que propõe. Na televisão comercial, tudo se baseia no entretenimento e na dramatização da informação.


À exclusão do horário nobre, a audiência das televisões, inclusive das comerciais, é muito baixa, variando de 0,5 a 5 pontos. Assim, o grande espaço disponível para a televisão pública é dos horários fora das programações noturnas (novelas, jornais, auditórios, seriados e filmes) das comerciais. Crianças, mulheres com serviços caseiros, adultos velhos e meninas constituem esse público, pois os meninos já não assistem televisão, mais interessados na rua do que nos espaços domésticos, nos veículos alternativos do que nos veículos convencionais.


As médias anuais de televisão no Brasil também não são altas. A tv Globo tem uma média anual de 27%, a Record, de 15%, o sbt, de 12,03%, a Bandeirantes, de 2,3% e a tv Brasil, de 0,40%.
Há mais gente comprando e consumindo, no Brasil, do que praticando a cidadania, e isso é evidente.


Há ainda fatores históricos, tecnológicos e conjunturais. Desde a queda das Torres por ato terrorista, fator muito ampliado pela crise econômica de 2008 e pelas decorrentes incertezas financeiras e políticas, a audiência das televisões caiu muito e, por consequência, a publicidade. A concorrência ficou mais acirrada entre as comerciais, com o consequente rebaixamento da qualidade das produções. Acrescente-se a esse fator a presença crescente e avassaladora da internet no hábito das famílias, desde as crianças de cinco anos até os aposentados.


Esses fatores produziram uma guerra entre as televisões comerciais, consolidadas e as emergentes, principalmente a Globo, o sbt e a Record.
Além da programação noturna e dos fins de semana buscarem todos os meios de sedução afetiva de uma audiência universal, a tarde se encheu de reprises sedutoras e a programação infantil, boa ou violenta, foi adotada em quase todas as televisões abertas comerciais.


A televisão pública, na instabilidade dos seus orçamentos, além desse fator, teve de enfrentar a presença maciça de programação infantil nas emissoras a cabo, concorrente direta desse tipo de programação e de um razoável jornalismo de informação, com debates que eram exclusividade das televisões públicas.


Criou-se assim um cenário negativo. Uma televisão pública enfrentando uma enorme concorrência. Uma televisão pública pouco compreendida pelo poder público. Uma televisão pública prioritariamente prejudicada pelo ajuste fiscal do Estado.
Sustentada pela sociedade e pelo governo, a televisão pública tem o dever de uma boa governança, de transparência, de programação de qualidade, de retorno de audiência. E isso tudo custa muito dinheiro. Precisa de audiência, mas não pode perder o

seu caráter nem desviar-se de sua missão. Mas vive com a tentação de imitar a televisão comercial, de ótimo nível técnico no Brasil.

Produção

A tv Futura tem uma estrutura enxuta de produção, 150 funcionários, e realiza uma produção cooperativa com diversos centros de elaboração de conhecimento, público-privados, comunitários e redes sociais. Esse formato, que conta com apoio logístico da Globo, é extremamente econômico e tentador. Mas não pode servir de modelo para as televisões públicas nacionais e estaduais, que precisam manter estruturas muito maiores de produção própria, coproduções e, principalmente, os telejornais que a Futura não transmite nem produz.


A tv Brasil, além da produção própria e transmissão de produções nacionais, inclusive da tv Cultura, busca a terceirização, com produções de caráter nacional e regional, patrocinadas a partir de projetos e mesmo seleções concursadas de produtos televisivos. Precisa de uma ampla estrutura de produção, pois produz em diversas regiões do país para manter seu caráter nacional.


A tv Cultura, em sua gestão atual, quer uma produção reduzida, econômica, que propicie uma programação atraente, com capacidade de concorrência, e acredita na terceirização, a partir da compra de bons produtos de outras televisões (internacionais), de parcerias produtivas e de produção própria. Contudo, com uma vocação acentuada de produção infantil, com uma produção jornalística ampla e diversificada e para manter a tradição de uma emissora produtora de documentários, torna-se muito difícil a tarefa de redução de estrutura, embora algumas racionalizações administrativas já tenham sido implantadas.


Em minha opinião, a única coisa que as televisões públicas não devem, sobretudo na programação, é querer igualar ou imitar as televisões comerciais. Trata-se de televisões criadas para ter programações alternativas. A televisão comercial, bem mais antiga do que a pública, possui qualidade técnica e interesses diversos. A televisão pública foi criada como alternativa, para fazer uma programação capaz de formar criticamente o telespectador para o exercício da cidadania, além de contribuir para a formação educacional da população, desenvolvendo as capacidades básicas da criança, do jovem, do trabalhador e de toda a família, como afirmam as diversas definições de missão, já consagradas. E isso não tem nada a ver com a programação da televisão comercial, basicamente voltada para o entretenimento e sedução afetiva, a qualquer preço, do telespectador.


Outra observação que tiro das avaliações dessas três televisões é a necessidade de manter a estabilidade da programação, para habituar o público com a linguagem, o hábito e a permanência da programação.
Melhorar sempre o que se tem. Inovar na faixa. Não inventar uma televisão a cada mês ou cada mandato. Insistir na boa informação, posto que o homem contemporâneo é, paradoxalmente, muito mal informado. E, por fim, buscar mais interatividade, utensílio pobremente usado pela televisão, apesar da digitalização.

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